A economia dos Estados Unidos atravessa um momento de transição e incertezas que devem reverberar em escala global ao longo de 2026. Políticas comerciais recentes elevaram tarifas de importação e geraram apreensão entre economistas e mercados, o que pode abalar cadeias produtivas e comércio internacional. Essa nova realidade força empresas e governos a reconsiderarem investimentos, acordos comerciais e parcerias externas, com reflexos que ultrapassam fronteiras. A diminuição de volume no comércio externo tende a afetar preços, custos de produção e o ritmo de crescimento de diversas economias dependentes das exportações americanas ou do mercado dos EUA como destino.
O mercado de trabalho norte-americano também é motivo de preocupação para quem acompanha a conjuntura global. Autoridades monetárias já alertaram para riscos ao emprego, consequência de desacelerações esperadas em alguns setores sensíveis a juros e custos altos. Caso esses alertas se concretizem em um índice de desemprego crescente, o impacto poderá ser duplo: queda do consumo interno nos EUA e retração na importação de bens e serviços. Isso colocaria pressão sobre economias exportadoras, inclusive na América Latina, cuja demanda por commodities e manufaturados poderia cair.
A inflação importada e os aumentos de custo frente às tarifas são outra peça importante desse quebra‑cabeça. A imposição de barreiras comerciais tende a elevar os preços de insumos e produtos, gerando perdas de poder de compra e reduzindo competitividade no comércio internacional. Com isso, empresas globais podem enfrentar desafios inéditos à lucratividade, e consumidores de países importadores podem sofrer com reajustes. Os desequilíbrios atuarão juntos, combinando receita menor para exportadores com aumento de custos, o que pode desorganizar fluxos de comércio e gerar retração de investimentos estrangeiros.
Por outro lado, o consumo interno nos EUA e os investimentos em tecnologia podem funcionar como um amortecedor relativo, embora insuficiente para eliminar os riscos. Se o consumo doméstico se mantiver firme e os investimentos em inovações renderem aumentos de produtividade, existe a possibilidade de que a economia americana siga em ritmo moderado — o que representaria um alívio parcial para quem depende do mercado norte-americano. Mesmo assim, a volatilidade permanece elevada e torna imprevisível a evolução dos mercados internacionais, exigindo cautela de empresas, investidores e governos ao planejar.
Os efeitos sobre economias emergentes são especialmente delicados. Países que dependem fortemente de exportações para os EUA ou de cadeias globais integradas podem ver sua recuperação comprometida. A retração na demanda internacional e o aumento de custos externos criam um ambiente de incerteza para comércio, investimento e crescimento econômico. Isso exige maior resiliência, adaptação nas estratégias de exportação e, talvez, a busca por novos mercados ou a diversificação de parcerias comerciais e tecnológicas.
Além disso, a instabilidade pode aumentar a aversão ao risco por parte de investidores internacionais, o que limita a entrada de capital em regiões mais vulneráveis. Isso afeta diretamente fluxos de financiamento, investimentos em infraestrutura e empreendimentos produtivos em países de menor porte. A consequente desaceleração do crescimento global infantiliza a retomada econômica mundial e coloca obstáculos no caminho da recuperação pós‑pandemia e pós‑crise.
Governos e empresas precisam estar atentos e preparados para um cenário de adaptação. Estratégias como reduzir dependência de exportações para economias vulneráveis, investir em diversificação de mercados e fomentar o desenvolvimento interno ganham relevância. Ao mesmo tempo, políticas públicas que favoreçam a inovação, a competitividade e a resiliência econômica local se tornam essenciais para mitigar impactos externos e garantir estabilidade em meio à turbulência global.
Enquanto isso, o mundo assiste a uma mudança de paradigma: a economia global não pode mais depender exclusivamente da força dos Estados Unidos. Há a necessidade de cooperação internacional diversa e de um olhar mais estratégico para o comércio global, investimentos e desenvolvimento sustentável. Apenas dessa forma será possível enfrentar os desafios de 2026 com mais segurança, resiliência e perspectivas reais de crescimento para todos.
Autor: Stephy Schmitz

